Penso, logo escrevo!: #DIÁRIO3: Dias frios

#DIÁRIO3: Dias frios


Capítulo 2: Dias Frios

Incrível como os dias parecem mais frios. Não me refiro só ao clima, trata-se do inverno que se aproxima, mas também ao período em que meu coração passa. Fico pensando na minha mãe, sobre o casamento dela, eram pra serem vinte e cinco anos de amor e o que vejo hoje é desprezo entre meus pais. A Sophie sempre linda e seus treze namorados diferentes ao mesmo tempo. E eu mais uma vez recordando o que houve de errado na minha vida. Sei que com o Guilherme pode ser diferente, mas como pode ser diferente se ele nem ao menos sabe que o quero.

Você certamente deve estar se perguntando: “Que doideira é essa” né? Trata-se dos conflitos que tenho internamente. Digamos que não tenho sorte no amor. Minhas amigas dizem que tenho dedo podre, que escolho a dedo, mas elas não estão certas. Todos os meus casos foram especiais, mas só foram pra mim. Não foi bom o suficiente pros outros. Sempre me doei demais, sempre fui aquela menina que queria estar ali pra tudo e às vezes penso que tudo isso não passou de besteira, sabe? Que fui uma tola em acreditar tanto em pessoas que não dariam um pingo de importância depois de dez minutos. Era lutar contra a maré. Até com quem eu deveria ter acertado eu errei, e esse foi o Ney.

Ney foi um amorzinho bobo que ficou maduro com o tempo. Eu nem ligava pra ele, era amigo da minha prima Valéria e nos encontrávamos bem pouco, mas um dia no colégio soube pelo Léo que ele era louco por mim, e então não houve dúvidas, estava carente e precisava de amor. Corri atrás, fiz de tudo e nada, forças em vão. Um ano depois tudo mudou e quem corria atrás de mim era o Ney. Eu já não sabia se queria mais e mesmo assim me permiti e fiz esta tentativa. E o que houve? Não imagina? (risos risos) Não foi um fracasso total, durou três meses. Eu sinceramente amei o tempo que passamos juntos, mas minha vida estava tão conturbada, meus pais se separando, eu morando com meus avós, enfim, um conflito total. Você pode até pensar: “Mas ele lhe dava forças”, sim, ele dava... mas eu não estava fazendo aquilo certo, não estava me dedicando de verdade. Na verdade eu sempre me questionei se estava com ele por gostar dele ou por me fazer sentir melhor e mais confortável com a situação, e por isso coloquei um ponto final nisso. Doeu, mas doeria mais se tivéssemos ido além.

Bom, nem sei porque to falando isso, mas o fato é que toda vez que me surge alguém novo, fico com receio de seguir a diante. E mais uma vez li vosso pensamento: “Vanessa se permita, fica com um e com outro”. Não amores. Isso não funciona comigo. Sou muito sentimental, sabe? É até ridículo pensar, mas sou intensa e me entrego de verdade. Isso me faz pensar em mil e uma coisas antes de ‘deixar rolar’. E então você pensa novamente: “Você nunca pensou nisso, Van?”. Já amores, já pensei e já fiz isso... resultado: to aqui sozinha ainda (risos , risos).

DRRRRIIIIIIM, DRRRRRIMMMM – toca o telefone

- Oi So, tudo bem?

- Oi feia, to linda e você? – disse Sophie rindo

- Nossa, convencida... to bem, tava pensando um pouco na vida.

- Na vida amorosa catastrófica?

- É...digamos que sim, mas e então, diz aí, o que manda? – tentei cortar um pouco o papo fúnebre.

- Ah, to aqui pensando na vida também e sei lá, não cheguei a conclusão alguma.

- Como assim Sophie? Pensando no que, que conclusões?

- Sei lá amiga, já pensou que tudo isso pode ser uma grande bobeira? – disse Sophie me deixando ainda mais confusa.

- Isso o que menina? Não estou entendendo.

- A vida, Vanessa, a vida. To aqui morrendo por um cara que não tá nem aí pra mim, você aí perdidamente apaixonada pelo Guilherme e sem atitude alguma... não sei o que esperar da vida! – Disse Sophie com voz de desespero.

- Olha So, já disse pra deixar esse cara de lado, ele não te merece. A única coisa que espere é passar no vestibular no fim do ano, isso sim.

- Ai amiga, só você – disse Sophie rindo – Acho que estamos belamente ferradas.

- Pois é, mas vamos viver amor, a vida ta aí e uma hora a gente aprende a viver – disse isso tentando ser fofa, será que rola?

- ÊÊÊ Vanessa, a vida é agora amiga, vâmo acordar filha! – disse Sophie rindo como uma louca.

- É... deve ser mesmo. Vou desligar amiga, tá tarde, amanhã a gente se fala.

- Ok, beijo.

- Beijo.


A Sophie sempre foi alguém muito louca. Apesar de amar ela de coração, tinha um pouco de medo das atitudes, sabe? Ao mesmo tempo que ela era intensa e me motiva a ser assim e aproveitar ao máximo, achava meio loucura as atitudes dela. Sei lá, talvez seja eu a errada, mas ela era quente demais pro frio que eu sentia naquele instante.



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