Penso, logo escrevo!: Seja você mesmo

Seja você mesmo



Vazio. O vácuo dentro da alma, seus gritos são ecos inaudíveis. Você se sente só. Tão sozinho que nem mesmo aqueles que você mais ama parecem ser capazes de te ajudar. Ou melhor: eles efetivamente não enxergam o seu interior. 

Somente você sabe a batalha cheia de fogos, lanças, tiros, explosões acontecendo dentro de si. Porque a sua única manifestação diante de tanto barulho é... Silêncio. Um semblante impassível. Não se sabe o que acontece, mas algo no canto mais profundo de seu ser clama baixinho por dias melhores. De repente o seu dia-a-dia comum e rotineiro de sempre passa a ser insuportável. Você se deixa levar por essas emoções súbitas e inexplicáveis, logo seu sorriso nada mais é que uma máscara encarregada de ocultar sua carência. 

Mas carência de quê?

Nem você mesmo sabe. Apenas se tem conhecimento de que sua vida simplesmente é insignificante, cheia de lacunas a ser preenchidas, momentos a ser vividos, um presente enfadado e repetitivo, enquanto se tem a impressão de que todos ao seu redor estão no auge, numa euforia incontrolável, em um patamar inalcançável. É como se a sua pessoa fosse um mero corpo perambulando pelo mundo sem um sentido especial. Mais um exemplar qualquer da espécie humana. 

O seu maior desejo transforma-se em ser humano. Ser humano. Entende? Ninguém entende. Até se o seu melhor amigo fosse te pedir para explicar o que está acontecendo, você não conseguiria pôr tantas ambiguidades e confusões em palavras. Você somente sente. E isso te destrói, corrói seu coração e suas entranhas aos poucos, gradativamente, chegando cada vez mais perto de te derrubar por completo. Ideias errôneas e insanas se instalam em sua mente. Você olha para o horizonte, a realidade caótica continua a ocorrer, todos os dias, todas as tardes, todas as noites, ao passo que, para você, o decorrer do tempo parece se arrastar preguiçosamente.

E as horas? As horas permanecem mudando, e, quando chegam ao fim, recomeçam seu ciclo. O ciclo da sobrevivência. O ciclo de sua existência inútil em um universo com 7 bilhões de pessoas. E você é apenas um desses 7 bilhões. Dá pra imaginar? O quão você é pequeno? Um. Apenas um algarismo em meio a 10. É tão pouco. Não é a toa que se sente inútil, desimportante, como se mesmo que ocorresse a pior das tragédias contigo, ninguém pararia nem um segundo para lembrar-se de você.

Carência de uma companhia, daquela sensação de felicidade, de um bombardeio de sorrisos implodindo dentro de si. Da vida em sua plenitude. Você quer viver mais, descobrir os mistérios mais obscuros do universo, ir além do que seus olhos conseguem avistar, viajar por entre sua imaginação, realizar sonhos utópicos e aparentemente impossíveis. E seus pés resistem a ficar dormentes, seu corpo inerte e alheio à realidade.

Mas, sabe aquela voz murmurando em seu ser? Ela passa a elevar o tom. Todas as vezes que você acorda para mais um novo dia, um outro dia, ela se fortalece. Então, a voz transforma-se em gritos. Brados melodiosos de motivação, estímulos, incentivos, te fazendo levantar da sua cama segura e conhecida para se atirar no vão incerto e incógnito. 

Você está voando. Batendo asas e flutuando, deixando a brisa te levar. Sem receios. Finalmente você sabe o que quer. A clichê luz no fim do túnel torna-se nítida, nada a encobrindo. Um sorriso sincero, transparente, saudoso, abre-se em seus lábios ressuscitados. Genuíno. O seu coração se acalma, sua mente tranquiliza, e um suspiro de alívio te escapa ao reparar na conclusão que esteve perante a si a todo momento: você não está sozinho. Você não é insignificante. Você não é apenas mais um no universo, até porque não há ciência no mundo inteligente o suficiente para criar um clone exato e preciso de alguém. A sua personalidade é única, singular: peculiar. Ninguém mais a obtém. 

A sua essência é insubstituível, e, independentemente de quantos séculos se passem, nenhuma outra preencherá o seu espaço. Seu espaço. Só seu. Orgulho, satisfação e libertação te inflam o peito. Liberdade. Você está pronto e realmente empenhado a viver. Mergulhando por inteiro nessa aventura arriscada e sublime que é a vida. Pois, para manter-se vivo, é preciso ser vivo. Apenas ser, sem amarras. 

Abra suas asas. Pule, jogue-se, liberte-se. Não espere uma solução, seja a solução. 

Faça a diferença.






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